Esquema ilegal cancelou mais de 2 mil multas durante gestão de Bruno Pessoa na STRANS

Veja agora os detalhes desse articulado esquema criminoso que foi revelado nos últimos dias

Esquema ilegal cancelou mais de 2 mil multas durante gestão de Bruno Pessoa na STRANS

Saiba agora, os detalhes do esquema que resultou no cancelamento ilegal de 2.419 multas de trânsito entre fevereiro e junho de 2024, durante a gestão de Bruno Pessoa, ex-superintendente da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS) e sobrinho do ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa.

Além de Bruno Pessoa, a investigação alcançou também dois ex-gerentes da Gestão de Trânsito da STRANS: Daniel Lima Araújo, citado anteriormente pela Coluna, e Lucas da Rocha Lima, que atuou diretamente na exclusão das infrações, com o auxílio de dois servidores terceirizados.

Segundo relatório produzido pela atual gestão do coronel Edvaldo Marques e obtido pela jornalista Thais Guimarães em 30 de abril deste ano, o Departamento de Combate à Corrupção da Polícia Civil identificou três servidores — um comissionado e dois terceirizados — que promoviam o “reset” das multas, sem qualquer respaldo legal.

Durante a apuração, a Polícia Civil concluiu que os dois servidores terceirizados eram peças menores na engrenagem do esquema e atuavam sob ordens superiores. Ambos, ao perceberem a irregularidade, tentaram se desligar da função, mas foram impedidos por seus superiores. Por conta da colaboração com a investigação, eles não foram alvos de medidas cautelares.

Lucas da Rocha Lima: o maior responsável

Na função de Gerente de Gestão de Trânsito, Lucas da Rocha Lima foi o principal executor das fraudes, sendo responsável pelo cancelamento de 1.628 multas, gerando um prejuízo de R$ 367.486,64 aos cofres públicos — o que representa 73% do valor total das infrações anuladas. Além disso, foram retirados 9.046 pontos das carteiras de habilitação dos motoristas beneficiados.

A investigação apontou que 419 desses cancelamentos ocorreram fora do horário de expediente, o equivalente a 17% das exclusões feitas por Lucas. Em 49 casos, os cancelamentos ocorreram sem qualquer solicitação formal registrada no sistema.

W. de S. S.: terceirizado indicado por influência política

O servidor terceirizado W. de S. S. foi alocado estrategicamente na Gerência de Gestão de Trânsito por meio de indicação política, ligada diretamente a parentes do então prefeito Dr. Pessoa.

Sob ordens superiores, ele excluiu 333 multas, gerando um prejuízo de R$ 77.018,90 e removendo 1.893 pontos de CNHs. Diferente de Lucas da Rocha, W. de S. S. não realizou cancelamentos fora do expediente.

L. M. F. C. da C.: mais uma peça no esquema

Também terceirizada, L. M. F. C. da C. seguiu a mesma conduta: acessou o sistema RADAR e removeu 254 infrações, causando um prejuízo de R$ 58.704,63 e retirando 1.454 pontos das carteiras de habilitação.

Segundo a Polícia Civil, tanto W. de S. S. quanto L. M. F. C. da C. agiram sob ordens diretas de Lucas da Rocha Lima, que contava com a anuência de Bruno Pessoa e de Daniel Lima Araújo, ex-gerente de Gestão de Trânsito antes de passar o setor para Lucas.

O papel de Bruno Pessoa

A Polícia Civil concluiu que, conforme os procedimentos legais, qualquer cancelamento de multa deveria passar por um trâmite formal e só poderia ser autorizado com a decisão final do superintendente, no caso, Bruno Pessoa. No entanto, nos casos investigados, nenhuma das multas canceladas seguiu esse protocolo, o que comprova a irregularidade da prática.