Ministério Público denuncia grupo acusado de fraude que resultou na perda de imóvel de idosa no Piauí
Ministério Público destacou que todos os elementos da fraude foram reconhecidos por decisão judicial em uma Ação Rescisória, que anulou o acordo. O acórdão aponta vícios insanáveis, fraude processual, uso de documentos falsificados e conluio entre os envolvidos.

O Ministério Público do Estado do Piauí denunciou um grupo formado por um casal de empresários, dois advogados e uma tabeliã, acusados de aplicar um golpe que resultou na perda do imóvel de uma aposentada de mais de 90 anos, no município de Uruçuí, sul do estado. A denúncia foi apresentada no dia 16 de julho pelo promotor Gilmar Pereira Avelino.
Entre os denunciados estão os empresários Renato Miranda Carvalho e Kamila Noleto Bastos, os advogados Michel Galotti Rebelo e José Arnaldo Janssen Nogueira, além da tabeliã Rosalia Amorim Maia, que à época dos fatos atuava no Cartório do 1º Ofício de Uruçuí.
Segundo o MP, o grupo fraudou um acordo extrajudicial que foi posteriormente homologado judicialmente, sem o conhecimento ou consentimento da verdadeira proprietária do imóvel — uma idosa que nunca assinou o documento nem autorizou qualquer representação legal em seu nome.
Perícias grafotécnicas confirmaram que a assinatura da vítima foi falsificada e, mesmo assim, teve o reconhecimento de firma feito em cartório como se fosse legítima. Esse documento falso foi usado para obter uma decisão judicial que cancelou a hipoteca do imóvel, então registrada junto ao Banco do Brasil.
Como funcionava o esquema, segundo a denúncia:
- Renato Miranda Carvalho: apontado como o mentor do esquema e principal beneficiado. Após a homologação do acordo falso, ele realizou a escritura pública de compra e venda do imóvel, registrada em cartório de outro estado (Benedito Leite/MA), numa tentativa de dar aparência legal ao golpe.
- Kamila Noleto Bastos: companheira de Renato e dona da empresa Remi Transportes EIRELI. Utilizou o acordo falso para simular o pagamento da dívida, sem autorização da idosa, ajudando a encobrir a fraude.
- Michel Galotti Rebelo: advogado que atuou como se representasse a vítima, sem ter recebido procuração válida. Ele teria participado diretamente da fraude, validando documentos falsificados e sustentando o acordo ilegal.
- José Arnaldo Janssen Nogueira: advogado do Banco do Brasil, também apontado como ciente da ausência da vítima no processo. Mesmo assim, teria assinado o acordo e apresentado documentos irregulares à Justiça.
- Rosalia Amorim Maia: tabeliã interina do cartório em Uruçuí na época. É acusada de ter reconhecido firmas evidentemente falsas, podendo responder por falsificação de documento público.
Diante dos fatos, os acusados foram denunciados pelos crimes de:
- Estelionato
- Falsidade ideológica
- Falsificação de documento público
- Associação criminosa
Kamila Bastos e Rosalia Maia não foram incluídas na acusação de falsidade ideológica. O processo está em tramitação na 1ª Vara da Comarca de Uruçuí.