Resgatados da Escravidão: 30 Piauienses Entre Vítimas de Trabalho Análogo em Gentio do Ouro, BA

Cinquenta e sete trabalhadores, sendo 30 deles piauienses, foram resgatados de condições análogas à escravidão em uma fazenda em Gentio do Ouro, na Bahia. A situação é ainda mais grave: eles foram recrutados por um empregador do Piauí e nunca receberam salários desde fevereiro deste ano.
O resgate foi uma ação conjunta do Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, coordenado pelo Ministério Público do Trabalho do Piauí (MPT-PI), com apoio do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública da União.
A Promessa de Oportunidade e a Realidade da Exploração
Em entrevista à TV Clube, o procurador do Trabalho Edno Moura, coordenador regional de combate ao trabalho escravo do MPT-PI, explicou que os trabalhadores piauienses viajaram para a Bahia em fevereiro, atraídos pela promessa de melhores oportunidades na extração da palha e pó da carnaúba. No entanto, a realidade foi brutalmente diferente.
"Embora tivesse sido assegurado o pagamento de um salário, esses trabalhadores não receberam durante todo esse período da extração. Eles começaram a trabalhar em fevereiro e até junho não haviam recebido dinheiro", destacou o procurador. Uma situação desoladora de quatro meses de trabalho sem qualquer remuneração.
Rota da Exploração: Empregadores Buscam Áreas com Menos Fiscalização
Edno Moura revelou que os empregadores estão migrando para regiões com menos fiscalização e onde a extração da carnaúba é permitida o ano todo. Os trabalhadores resgatados, incluindo os 30 piauienses, foram recrutados na região dos Cocais, nos municípios de Esperantina, Joaquim Pires e São João do Arraial.
"O Piauí tem uma tradição já no trabalho da palha de carnaúba, tem carnaúba em quase toda sua área. Então, nós temos muitos empregadores, muitos produtores que atuam nessa atividade. Como nós começamos a combater essas irregularidades, eles começaram a migrar para outras áreas. Lá detectamos uma turma de 30 piauienses e outra com 12 cearenses", detalhou o procurador.
Próximos Passos: Justiça e Inclusão na "Lista Suja"
O MPT-PI agora buscará judicialmente o pagamento das verbas rescisórias, além de indenizações por dano moral individual e coletivo para os trabalhadores piauienses. Além disso, o nome do empregador responsável por essa exploração deve ser incluído na próxima lista sobre trabalho escravo, popularmente conhecida como "lista suja".
Casos como este reforçam a importância da atuação dos órgãos de fiscalização e do combate contínuo ao trabalho análogo à escravidão no Brasil.
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