Menino batizado em homenagem à escola que abrigou família durante chuvas continua em área de risco após cinco anos
José Patriotino, de 5 anos, nasceu em escola que serviu de abrigo para os pais e irmãos, que agora estão na casa da avó devido à cheia do Rio Longá, em Esperantina. Outras 24 famílias precisaram ir para casas de parentes ou escolas durante o período chuvoso.
O aniversário de 5 anos do pequeno José Patriotino foi assim como seu nascimento: longe de casa. Em 2019, os pais deram o nome ao menino em homenagem à escola municipal que os abrigou depois que a casa da família foi alagada pela cheia do Rio Longá, em Esperantina, durante o período chuvoso. Agora, o menino está novamente fora de casa devido às enchentes.
A nova cheia do rio, que ultrapassou nesta quinta-feira (11) a cota de inundação em 1,10 m, alagou mais uma vez a casa da família, que resolveu buscar abrigo na casa da avó da criança, Maria do Socorro.
“Onde ele mora está alagado, e hoje ele está de aniversário. Cinco aninhos de vida, cinco aninhos alagado”, lamentou a dona de casa.
Socorro mora em área de risco, mas não deseja sair por temer roubos em sua residência, os quais já aconteceram anteriormente. A água do Rio Longá já alcança o terreno da avó de José Patriotino.
“Tenho medo de minhas coisas sumirem de repente. Não adianta abandonar à toa porque as pessoas vêm roubar”, observou.
A mesma situação ocorreu com a dona de casa Cristiane Pereira, que deixou sua residência, acompanhada dos três filhos, no bairro Pedreiras, um dos mais afetados pela cheia do Longá.
Cristiane relata que, ao acordar, a água já havia invadido o imóvel. Ela precisou ligar para a Defesa Civil municipal, que enviou uma equipe para resgatar a mulher e as crianças e levá-las a uma escola da região.
Bairros afetados pelas inundações
Segundo a prefeitura de Esperantina, parte dos moradores do Pedreiras receberam, há mais de 10 anos, casas em um conjunto habitacional fora de área de risco, mas decidiram voltar ao bairro.
A fim de evitar que as famílias fiquem novamente desabrigadas nos próximos períodos de chuvas, a gestão municipal pretende construir um parque ambiental no local. Para isso, porém, terá de desapropriar vários imóveis.
“Sempre fazemos a prevenção no início do ano, falamos dos perigos das chuvas, mas, infelizmente, muitos moradores resistem. Como as chuvas vão continuar, devemos tirar outras 10 ou 15 famílias ribeirinhas”, afirmou o secretário de Assistência Social de Esperantina, Walter Santos.
Ao todo, 24 famílias precisaram deixar suas casas e estão desabrigadas, conforme a Defesa Civil municipal. As pessoas foram afetadas pelos alagamentos em três bairros: Pedreiras, Nova Esperança e Batista de Amorim. A prefeitura da cidade decretou situação de emergência na quarta-feira (10).
Já em Barras, mais de 40 pessoas abandonaram suas residências após o Rio Marathaoan atingir a cota de inundação. Além disso, outros moradores continuam ilhados à medida que a água se aproxima de seus imóveis.
Níveis dos rios
O boletim hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (SGB) emitido nesta quinta (11) revela que a cota atual do Rio Longá é de 8,50 m, 1,10 m acima do nível de inundação. A tendência é de que o volume do rio siga aumentando nas próximas horas.
A cota do Rio Marathaoan, por sua vez, é de 4,55 m, superando a cota de inundação em 35 cm. O rio que banha a cidade de Barras, no entanto, deve se manter estável, segundo a previsão do SGB.
Ainda conforme o Serviço Geológico, a cota atual do Rio Parnaíba é de 4,69 m, em Floriano, e 4,90 m, entre Teresina e Timon (MA). Na primeira cidade, o rio está abaixo do nível de atenção e deve estabilizar nas próximas horas; na segunda, continua 10 cm acima da cota e pode aumentar.
Em Luzilândia, o Rio Parnaíba está em 5,63 m, 63 cm acima da cota de alerta. A tendência é de que o rio permaneça em crescimento lento nas próximas horas, mas abaixo do nível de inundação.
O Rio Poti, em Teresina, registrou 7,11 m e deve crescer ainda mais, mas continua em condição de normalidade.
Fonte: G1 PI